O Peixe Urbano, site de cupons de desconto, foi notificado pelo Procon-SP na última sexta-feira (7) para saber o telefone e e-mail do responsável pela empresa. As reclamações vêm se acumulando desde janeiro: o serviço saiu do ar, os clientes perderam acesso para resgatar as ofertas, os estabelecimentos parceiros não receberam os repasses e o CEO desapareceu.
Em nota, o Procon-SP diz que seu objetivo é “obter informações sobre o responsável pela empresa de serviços digitais, tais como telefone, endereço comercial e eletrônico, além de proposta para atendimento das queixas registradas por consumidores”. Os clientes reclamam na entidade, mas o Peixe Urbano não responde.
Se não houver resposta em 48 horas, o caso deve ser encaminhado para a equipe de fiscalização, e o Peixe Urbano pode entrar para a lista de lojas online a se evitar.
A questão é que ele já está fora do ar desde 28 de janeiro. Na época, a conta oficial no Twitter insistia que tudo se tratava apenas de uma “intermitência sistêmica”, e que o time de tecnologia estava trabalhando para corrigir o erro. Em 2 de fevereiro, ela parou de responder às reclamações de usuários.
O site nunca voltou ao ar, e o app também parou de funcionar, impedindo que os clientes acessem seus créditos e vouchers de desconto. Há mais de 2.400 queixas não respondidas no Reclame Aqui, que a rotulou a empresa como “não recomendada”.
O que aconteceu com o Peixe Urbano?
Segundo O Globo, o Peixe Urbano acabou: a empresa tinha pelo menos R$ 50 milhões em dívidas e ficou sem dinheiro até para pagar os servidores que hospedavam o site. Os escritórios em São Paulo e no Rio foram fechados, e a sede em Florianópolis se tornou alvo de ação de despejo.
Em janeiro, o CEO Nicolás Leonicio avisou aos funcionários que não tinha dinheiro para demiti-los pagando a rescisão. A empresa não pediu recuperação judicial porque não conseguiria pagar os advogados nem tinha o que dar em garantia.
De acordo com o jornal A Tarde, os funcionários restantes foram demitidos em março e não receberam os salários atrasados. Pior: o CEO deixou de responder até ao escritório de advocacia Bracks Advogados Associados, que representava a empresa no Ministério Público do Trabalho (MPT).
Os problemas vinham de longa data: o pagamento aos fornecedores e parceiros sofria atrasos desde 2019. A situação piorou em 2020, porque 95% dos cupons davam desconto em cinemas, viagens e restaurantes – todos paralisados por meses devido à pandemia. O Peixe Urbano tem dívida com mais de 12 mil estabelecimentos.
É um final indigno para a empresa, criada em 2009 e famosa por liderar o mercado de compras coletivas no Brasil, seguindo o modelo da americana Groupon. Essa modalidade de descontos acabou se esgotando com o passar dos anos, fazendo o Peixe Urbano migrar para outros tipos de cupons.
A companhia foi vendida em 2014 para a chinesa Baidu, e revendida em 2017 para o fundo latino-americano Mountain Nazca.
FONTE: TECNOBLOG