Bill Gates, cofundador da Microsoft e um dos nomes mais fortes e conhecidos no mundo da tecnologia, declarou que irá doar 99% de sua fortuna até 2045. Acredita-se que o valor destinado à iniciativa ultrapasse US$ 200 bilhões — mais do que o dobro do que a Fundação Bill & Melinda Gates já desembolsou desde o ano 2000.
A decisão marca uma virada não só na trajetória pessoal de Gates, mas na forma como grandes fortunas são redistribuídas em vida. Aos 69 anos, o bilionário afirmou que “não quer ser lembrado como alguém que morreu rico”. A declaração foi publicada em seu blog pessoal, acompanhada de uma linha do tempo simbólica que mostra sua riqueza atual — cerca de US$ 108 bilhões — reduzindo-se progressivamente até se aproximar do zero em 2045.
A proposta não é apenas aumentar os repasses, mas acelerar o ritmo das ações da fundação. Em vez de operar por gerações, como outras organizações filantrópicas, a Fundação Gates será encerrada em 2045. A lógica, segundo ele, é simples: quanto mais cedo o dinheiro for aplicado, maior será seu impacto diante dos problemas urgentes que o mundo enfrenta hoje.
A expectativa é que, já em 2026, o orçamento anual da fundação alcance US$ 9 bilhões, com tendência de crescimento nos anos seguintes. Entre os focos prioritários estão o combate a doenças infecciosas como malária, sarampo e HIV, a redução da mortalidade materno-infantil e a mitigação da pobreza extrema.
Também estão na pauta o fortalecimento da educação nos Estados Unidos e o desenvolvimento de soluções contra as mudanças climáticas, incluindo a criação de culturas agrícolas resistentes à seca.
No texto publicado em seu blog, Gates faz referência direta a Andrew Carnegie, magnata do século XIX que defendia que a riqueza deveria ser devolvida à sociedade ainda em vida. “O homem que morre rico, morre desonrado”, escreveu Carnegie em The Gospel of Wealth — uma máxima que Gates adotou como guia filosófico.
Gates também destacou a influência de Warren Buffett, um dos principais doadores da fundação e amigo pessoal, como inspiração nesse movimento de desfazer-se da riqueza com propósito social.
O encerramento planejado da fundação em 2045 não marca o fim de um legado, mas o ápice de um esforço deliberado de usar recursos com urgência e eficácia. Em 25 anos de existência, a organização já destinou mais de US$ 100 bilhões a projetos de saúde, educação e desenvolvimento. Gates afirma que suas ações contribuíram para salvar mais de 80 milhões de vidas, especialmente por meio do acesso a vacinas em regiões carentes.
O mais insano é que mesmo com 99% de sua fortuna doada, Gates ainda permanecerá bilionário, segundo projeções da Bloomberg.
